23 de outubro de 2011

11 de outubro de 2011

7 de outubro de 2011

Nobel da Literatura 2011

Tomas Tranströmer - o Nobel e Portugal


Nobel da Literatura 2011






FUNCHAL

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca,
construída por náufragos.
Muitos, chegados à porta, voltam para trás, mas não assim
as rajadas de vento do mar.
Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa
dois peixes, segundo uma antiga
receita da Atlântida. Pequenas explosões de alho.
O óleo flui nas rodelas do tomate. Cada dentada diz-nos que
o oceano nos quer bem,
um zunido das profundezas.

Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos
as agrestes colinas floridas,
sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais,
bem-vindos, não envelhecemos. Mas já suportámos tantas
coisas juntos, lembramo-nos disso, momentos em que
de pouco ou nada servíamos (por exemplo, quando esperávamos
na bicha para doarmos sangue ao saudável gigante –
ele tinha prescrito uma transfusão).
Acontecimentos, que nos poderiam ter separado, se não nos tivessem
unido, e acontecimentos
que, lado a lado, esquecemos – mas eles não nos esqueceram!
Eles tornaram-se pedras. Pedras claras e escuras. Pedras de
um mosaico desordenado.
E agora mesmo acontece: os cacos voam todos na mesma direcção,
o mosaico nasce.
Ele espera por nós. Do cimo da parede, ilumina o quarto de hotel,
um design, violento e doce,
talvez um rosto, não nos é possível compreender tudo, mesmo
quando tiramos as roupas.

Ao entardecer, saímos.
A poderosa pata azul escura da meia ilha jaz expelida sobre o mar.
Embrenhamo-nos na multidão, somos empurrados, amigavelmente,
suaves controlos,
todos falam, fervorosos, na língua estranha.
“ Um homem não é uma ilha “

Por meio deles fortalecemo-nos, mas também por meio de
nós mesmos. Por meio daquilo que
existe em nós e que o outro não consegue ver. Aquela coisa
que só se consegue encontrar
a ela própria. O paradoxo interior, a flor da garagem, a válvula
contra a boa escuridão.
Uma bebida que borbulha nos copos vazios. Um altifalante
que propaga o silêncio.
Um atalho que, por detrás de cada passo, cresce e cresce.
Um livro que só no escuro se consegue ler.




LISBOA

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!

"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.

A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?

Tomas Tranströmer, poeta sueco


tradução de Luís Costa

5 de outubro de 2011

2 de outubro de 2011

Gauguin y Poniatowska, por Xavier Narval (México)



2 de octubre de 2011

El día de ayer tenia la firme intención de ir a ver la exposición 'José Saramago: La consistencia de los sueños', cosa que sin embargo, no fue posible por otras razones, pero estas razones y el hecho de pensar, caminar y fumar durante horas en el Centro Historico de la Ciudad de México me decidieron a por fin elegir un tema para esta entrada tan largamente prometida a mi querida amiga (y excelente maestra) Ana Tapadas... Quiero comenzar y terminar esta entrada con 2 ideas de Paul Gauguin, la primera es esta pintura y la segunda, la frase que se encuentra al final de este post... 


Woher kommen wir? Wer sind wir? Wohin gehen wir?
¿De donde venimos? ¿Que somos? ¿A donde vamos?
Paul Gauguin, 1987



Uno de mis libros favoritos es La Piel del Cielo de Elena Poniatowska, y aquella pregunta del inicio del libro que Lorenzo hace: "Mamá, ¿Allá atrás se acaba el mundo?" me hace pensar en el titulo de la pintura de de Gauguin, y en esos grandes interrogantes que a veces sospecho que nunca podremos resolver... pero lo que más me gusta del libro (además del hecho de que me siento identificado con uno de los personajes) es que el verdadero reto de Lorenzo no es desentrañar los misterior de la astronomia, sino la busqueda dentro de la cara oculta de las personas, que esconden pasiones y sentimientos, y de esta manera la novela nos acerca a los desafios mas inalcanzables: las estrellas y el amor, y así Lorenzo llega al descubrimiento más significativo de su vida cuando se da cuenta de que de nada sirve tener un cielo tan hermoso, allá arriba, sin nadie especial con quien compartirlo, desde abajo...

Y entonces, uno se da cuenta, casi sin querer, de la diferencia entre el pensamiento de Lorenzo y de Gauguin, al primero parece que las circunstancias lo condenan, su propia madre dice que el esta condenado a la infelicidad y entonces trata de buscar la seguridad del trabajo y la investigación, de sentirse seguro, de no arriesgar nada para asi no perder nada... para al final descubrir que lo esta perdiento todo. La vida de las estrellas, esa vida lejana, ausente y abstracta resulta en ocasiones más auténtica y real que la de los hombres y mujeres que puedo ver y tocar, escuchar y confrontar...
Por eso es que la frase de Gauguin me parece tan significativa al contrastarla con la novela de Poniatowska:






Prefiero pecar de confiado, aunque me lleve mil decepciones, a vivir desconfiando de todo y de todos. En el primer caso, se sufre solo en el momento del desengaño, y, en el segundo, se sufre constantemente.
-Paul Gauguin

OS LUSÍADAS - EDIÇÃO DIGITAL



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