29 de fevereiro de 2012

Ligar Continentes

UNAM

VIDEOCONFERÊNCIA


DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS
 1 DE MARÇO DE 2012
  15 horas   Anfiteatro ESPS

com a 

Universidad Nacional Autónoma México
Cidade do México


27 de fevereiro de 2012

A vida é um eterno amanhã



 
As traduções são muito mais complexas do que se imagina. Não me refiro a locuções, expressões idiomáticas, palavras de gíria, flexões verbais, declinações e coisas assim. Isto dá para ser resolvido de uma maneira ou de outra, se bem que, muitas vezes, à custa de intenso sofrimento por parte do tradutor. Refiro-me à impossibilidade de encontrar equivalências entre palavras aparentemente sinônimas, unívocas e univalentes. Por exemplo, um alemão que saiba português responderá sem hesitação que a palavra portuguesa "amanhã" quer dizer "morgen". Mas coitado do alemão que vá para o Brasil acreditando que, quando um brasileiro diz "amanhã", está realmente querendo dizer "morgen". Raramente está. "Amanhã" é uma palavra riquíssima e tenho certeza de que, se o Grande Duden fosse brasileiro, pelo menos um volume teria de ser dedicado a ela e outras, que partilham da mesma condição.

"Amanhã" significa, entre outras coisas, "nunca", "talvez", "vou pensar", "vou desaparecer", "procure outro", "não quero", "no próximo ano", "assim que eu precisar", "um dia destes", "vamos mudar de assunto", etc. e, em casos excepcionalíssimos, "amanhã" mesmo. Qualquer estrangeiro que tenha vivido no Brasil sabe que são necessários vários anos de treinamento para distinguir qual o sentido pretendido pelo interlocutor brasileiro, quando ele responde, com a habitual cordialidade nonchalante, que fará tal ou qual coisa amanhã. O caso dos alemães é, seguramente, o mais grave. Não disponho de estatísticas confiáveis, mas tenho certeza de que nove em cada dez alemães que procuram ajuda médica no Brasil o fazem por causa de "amanhãs" casuais que os levam, no mínimo, a um colapso nervoso, para grande espanto de seus amigos brasileiros - esses alemães são uns loucos, é o que qualquer um dirá.

A culpa é um pouco dos alemães, que, vamos admitir, alimentam um número excessivo de certezas sobre esta vida incerta, número quase tão grande como a quantidade exasperante de preposições que freqüentam sua língua (estou estudando "auf" e "au" no momento, e não estou entendendo nada). São o contrário dos brasileiros, a maior parte dos quais não tem a menor idéia do que estará fazendo na próxima meia hora, quanto mais amanhã.

Talvez tudo se reduza a uma questão filosófica sobre a imanência do ser, o devenir, o princípio de identidade e outros assuntos do quais fingimos entender, em coquetéis desagradáveis onde mentimos a respeito de nossas leituras e nossos tempos na Faculdade. No plano prático, contudo, a coisa fica gravíssima. Se o Brasil tivesse fronteiras com a Alemanha, não digo uma guerra, mas algumas escaramuças já teriam eclodido, com toda a certeza - e a Alemanha perderia, notadamente porque o Brasil não compareceria às batalhas nos horários previstos, confundiria terça-feira com sexta-feira, deixaria tudo para amanhã, falsificaria a assinatura oficial no documento de rendição, receberia a Wehrmacht com batucadas nos momento, mais inadequados e estragaria tudo organizando almoços às seis horas da tarde.

Falo por experiência própria. When in Rome do as the Romans do ditado que deve ter uma versão latina muito mais chique, mas, infelizmente, não disponho aqui de meus livros de citações, para dar a impressão aos leitores de que leio Ovídio e Horácio no original. Mas, em inglês ou em latim, acho esse um pensamento de grande sabedoria e procuro segui-lo à risca, na minha atual condição de berlinense, tanto assim que, não fora minha tez trigueira e meu alemão abestalhado, ninguém me distinguiria, fosse por traje ou maneiras, dos outros berlinenses bebericando uma cervejinha ali na Adenauerplatz.

Fica tudo, porém, muito difícil em certas ocasiões, como hoje mesmo. O telefone tocou, atendi, falou um alemão simpático e cerimonioso do outro lado, querendo saber se eu estaria livre para uma palestra no dia 16 de novembro, quarta-feira, às 20:30h. Sei que é difícil para um alemão compreender que esse tipo de pergunta é ininteligível para um brasileiro. Como alguém pode marcar alguma coisa com tanta precisão e antecedência, esses alemães são uns loucos. Mas não quis ser indelicado e, como sempre, recorri a minha mulher.

- Mulher - disse eu, depois de pedir que o telefonador esperasse um bocadinho. - Eu tenho algum compromisso para o dia 16 de novembro, quarta-feira, às 20:30h?

- Você está maluco? - disse ela. - Quem é que pode responder a esse tipo de pergunta?

- Eu sei, mas tem um alemão aqui querendo uma resposta.

- Diga a ele que você responde amanhã.

- E quando ele telefonar amanha? Ele é alemão, ele vai telefonar amanhã, ele não sabe o que quer dizer amanhã.

- Ah, esses alemães são uns loucos. Você é escritor, invente uma resposta poética, diz a ele que a vida é um eterno amanhã.

Achei uma idéia interessante, mas não a usei, apenas disse que ele telefonasse amanhã. Mas claro que não sei o que dizer amanhã e fui dormir preocupado, tanto assim que ainda incomodei minha mulher com uma cotovelada. Afinal, os alemães são organizados, é uma vergonha a gente não poder planejar as coisas tão bem quanto eles. Que é que eu faço?

- Ora - respondeu ela, retribuindo já cotovelada -, pergunte a ele se os alemães planejaram a reunificação para agora. E, se ele for berlinense, pergunte se ele não preferia deixá-la para amanhã.

- Touché - disse eu, puxando o cobertor para cobrir a cabeça e resolvendo que amanhã pensaria no assunto.



(Um brasileiro em Berlim, 1993.)



João Ubaldo Ribeiro

22 de fevereiro de 2012

ACTIVIDADES


ACTIVIDADES DO DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS



DIA 23 DE FEVEREIRO
HORA
ACTIVIDADE
LOCAL

11: 15h


Videoconferência Transfronteiriça
REALCE
(Espanhol)



Auditório

15h


Mostra Gastronómica
(Línguas)


Corredor Central



DIA 24 DE FEVEREIRO
HORA
ACTIVIDADE
LOCAL

10h


Peddy Paper
(Línguas)


Recinto Escolar

12h


Teatro Interactivo
(Inglês)


Auditório


Ana Tapadas
CDC

13 de fevereiro de 2012

CHINA imagens deliciosas / PLNM

NOTA / Enviado por mail. Desconheco o autor.

10 de fevereiro de 2012

Do poeta Nuno Júdice para os alunos da nossa escola

 
Aqui publicamos de novo um poema feito pelo poeta NUNO JÚDICE, em Dezembro de 2007, dedicado aos alunos da nossa escola. Porquê? Porque foi, de facto, uma honra para nós e porque este poema saiu no Exame Nacional de 9º ano, 1ª chamada de 2010.
 
Aqui publicamos um poema, escrito a 10/12/2007, pelo poeta Nuno Júdice e gentilmente feito a pensar nos nossos alunos (ver post anterior). Agradecemos a honra que nos deu e transcrevemos o mail que nos enviou:
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"Com todo o gosto, aqui lhe mando um poema escrito a pensar nos seus alunos.
Cumprimentos
Nuno Júdice"
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PARA ESCREVER O POEMA
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O poeta quer escrever sobre um pássaro:
e o pássaro foge-lhe do verso.
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O poeta quer escrever sobre a maçã:
e a maçã cai-lhe do ramo onde a pousou.

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O poeta quer escrever sobre uma flor:
e a flor murcha no jarro da estrofe.
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Então, o poeta faz uma gaiola de palavras
para o pássaro não fugir.
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Então, o poeta chama pela serpente
para que ela convença Eva a morder a maçã.

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Então, o poeta põe água na estrofe
para que a flor não murche.
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Mas um pássaro não canta
quando o fecham na gaiola.

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A serpente não sai da terra
porque Eva tem medo de serpentes.

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E a água que devia manter viva a flor
escorre por entre os versos.
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E quando o poeta pousou a caneta,
o pássaro começou a voar,
Eva correu por entre as macieiras
e todas as flores nasceram da terra.

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O poeta voltou a pegar na caneta,
escreveu o que tinha visto,
e o poema ficou feito.

10-12-2007 (22h32m)a

Relembrar - NUNO JÚDICE

(Imagem retirada da net, via google)
Nuno Júdice (Mexilhoeira Grande, 1949) é um poeta, ficcionista e professor universitário.
Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa. É actualmente professor da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou (1989), apresentando uma dissertação sobre Literatura Medieval. Exerceu ainda as funções de Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e de Director do Instituto Camões em Paris. Tem publicado estudos sobre Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa, antologias, edições críticas, e tem uma colaboração regular em jornais e revistas como cronista. Divulgador da Literatura Portuguesa do século XX, publicou em França Voyage dans un siècle de Littérature Portugaise (1993), reeditado e revisto na edição portuguesa Viagem por Um Século de Literatura (1997).
Colaborou em acções de divulgação cultural, como as Letras Francesas (1989), com uma apresentação de autores franceses contemporâneos e organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura.
Poeta e ficcionista, publicou o primeiro livro de poesia em 1972, A Noção de Poema (Publicações Dom Quixote). Recebeu importantes prémios da poesia portuguesa: o Prémio Pen Clube (1985), Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus (1990), Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1994), este último com o livro Meditação Sobre Ruínas, que foi também finalista do Prémio Europeu de Literatura Aristeion.
Assinou ainda obras para teatro e traduziu autores como Corneille e Emily Dickinson.
Foi Director da revista literária Tabacaria, editada pela Casa Fernando Pessoa e Comissário para a área da Literatura da representação portuguesa à 49ª Feira do Livro de Frankfurt. Tem livros traduzidos em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra e França.
A sua extensa bibliografia inclui obras de ficção, poesia, teatro, ensaio, edições críticas e antologias.

6 de fevereiro de 2012

FAÇA LÁ UM POEMA

 

 

Faça Lá um Poema

No intuito de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia, o Plano Nacional de Leitura e o Centro Cultural de Belém, numa iniciativa conjunta, convidam todas as escolas do país, públicas ou privadas, do 1º Ciclo ao Ensino Secundário, a participar no Concurso de Poesia Faça lá um Poema.
Para participar até dia 24 de Fevereiro
Preencher o formulário online:
- espaços para a identificação da escola
- espaços para os poemas a concurso
[opcional] Depois de preencher o formulário, imprimir clicando em "Imprimir formulário".
[obrigatório] Para tornar efetiva a sua participação no Concurso, "Enviar formulário" (canto superior direito).
O PNL confirmará, por email, a recepção do formulário recebido.
O Concurso decorre entre Janeiro e Março de 2012 e terá a sua Final no dia 24 de Março de 2012. Nesta data, celebra-se, no Centro Cultural de Belém [CCB], o Dia Mundial da Poesia em cujo Programa será integrada com uma entrega simbólica de prémios aos vencedores.