11 de julho de 2010

Leitura Crítica

Inês Pedrosa e os homens

Não é hábito meu fazer criticas publicamente a livros, pelo simples facto de não me achar com competências para tal. No entanto, dar a minha opinião fundamentada não me parece de mau gosto.
Comprei um livro da Inês Pedrosa chamado Íntimos. Não conheço o trabalho da autora, mas o nome dela remeteu-me imediatamente para a Margarida Rebelo Pinto. A sinopse do livro falava sobre a visão dos homens em relação às mulheres e tudo bem, eu aceitei e achei, inclusivamente, que poderia ser interessante. Não só por nos dar a conhecer o ponto de vista dos homens, mas também por nos dar a conhecer o ponto de vista dos homens através de uma mulher. Eu devia saber, logo à partida, que isso era biologicamente impossível, que o sentido feminista de uma mulher é sempre irreversível, tanto mais quando a mesma se tenta afastar dele. Enfim, por alguma razão eu deixei-me inebriar pelo que li e pelo que vi. A capa do livro desperta qualquer coisa de sensual e eu que já devia saber que não se julga um livro pela capa. A Emma Bovary era bem mais sensual que todas as palavras da tal Inês Pedrosa, e no entanto esse clássico do Flaubert tem tudo menos uma capa sensual...
Entretanto, para não me dispersar, li o livro de um dia para o outro, o que permite que compreendam a nula complexidade da narrativa. A história não é envolvente, é só um seguimento de palavras que ficam bem umas com as outras, numa visão extremamente feminista e irreal daquilo que os homens de facto pensam (não é que eu saiba o que é que pensam, mas não é certamente aquilo). 
Voltando à Margarida Rebelo Pinto, da qual li várias obras no auge dos meus catorze anos, posso-vos garantir que não podia estar mais certa quando a associei à Inês Pedrosa. Generalizando e falando de ambas como um ser só (porque afinal a escrita delas encontra-se ao mesmo nível), o que eu posso concluir é que o objectivo dos livros é única e exclusivamente dizer às mulheres aquilo que elas querem ouvir. É assassinar o vocabulário para desperdiça-lo em lógicas básicas, captando o mais primitivo do pensamento de uma mulher. Se era suposto ser dramático e sensual, não é. É todo um facilitismo de relações, os sentimentos complexos de que as personagens sofrem não coincidem com a forma mundana com que lidam com eles. A sensação com que fico é que os sentimentos e as acções são duas coisas distintas, como por exemplo um pinguim e um bule de chá.
Basicamente, para mim acabou-se Inês Pedrosa, os "Íntimos" dela não me encheram as medidas e entre nós houve apenas um olá muito sumido, por uma questão de boa educação. 
Sara Raminhos






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