19 de fevereiro de 2010

Relembrar o passado, uma história real



Lembro-me como se fosse hoje quando o meu pai foi embora para Angola. Não queria acreditar na distância quando a saudade aparecera. Não consegui perceber o motivo nem o porquê de ir, de me deixar só. Desde 19 de Fevereiro de 2004 que um simples telefonema não chega para matar a saudade que permanece entre nós, de dizer: «amo-te pai». 
Uma vez por ano é insuficiente para estarmos juntos. Andava sozinha pelas ruas e pensava: «quando será a próxima vez?». Relembro-me quando adormecia e ele sentava-se na ponta da cama e fazia-me festas no meu rosto, como se fosse uma criança que esperava um pouco mais de carinho. Sonhava com coisas impossíveis, de ter o que não podia, de sentir o que não existia. Venci caminhos curvados, superei problemas indesejáveis, mas sobretudo o amor é sempre o mesmo, amor de pai.
As lembranças eram uma folha com vírgulas e pontos finais por acabar. O dia da sua chegada é sempre tão esperado, a ansiedade aumenta cada vez mais, e eis que chega o momento da sua vinda, de relembrar os tempos em que era menina.
Este relato não é um conto de fadas, mas sim uma história real onde pai e filha se reencontram de ano a ano após a uma longa espera. 
Apesar de tudo o “conto de fadas” termina não com um final feliz, mas sim com um final infeliz. Chega novamente o dia em que temos que dizer adeus, de cair a lágrima sobre a face e voltar a viver tudo outra vez.

Jéssica Lopes, 10.º D

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