14 de março de 2010

Sou Uma Ilha


          Açores/José Alves


  Sou uma ilha, com uma só árvore, simples, mas o mais importante não tenho, de ser habitada, ando desesperada neste mundo imune que alguém me encontre, estou a ficar seca, pálida de tanto desespero. Quero ser casa para alguém, quero ser vida para alguém, estou desabitada cerca de 100 anos, não aguento mais, preciso de alguém, nem mesmo o ser animal de consola, nem mesmo o som das ondas me inspira neste lugar sombrio e assustador. Preciso de luz, preciso de ser iluminada por alguém, sinto-me vazia, as minhas asas florestais estão a desvanecer lentamente, até que chega o fim, o fim da minha vida.
            Começo a pensar que não fui nada para ninguém, alias que não sou nada para ninguém, só mesmo para o meu silêncio. Quero-me sentir aconchegada pelo vento, poder-me imaginar a voar e encontrar quem procuro.
            Sou uma ilha, fui eu que me construí, demorei muito tempo para que isso acontecesse, mas aconteceu, nasci, fiz nascer tudo à minha volta e, agora, não quero morrer sem salvar ninguém, sem ser especial para alguém. Não quero ser transparente para todo o mundo, quero que me descubram, quero ser uma descoberta, uma grande descoberta, que fique para a história, que possa servir de museu para muita gente.
            Agora sem mais alguém, penso que estou a enfraquecer, estou a ficar “nua”, não aguento mais. Socorro….
Alguém me ouviu, alguém me encontrou, caiu-me o mundo aos pés, consegui, estou iluminada, quero ser parte dessa pessoa, vou protegê-la até que me abandonem outra vez.

Jéssica Lopes, 10.º D



                 

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