7 de dezembro de 2008

Patativa do Assaré

Um poeta sertanejo

Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, nasceu em 5 de março de 1909 faleceu em 8 de julho de 2002.

Poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro. Uma das principais figuras da poesia oral nordestina brasileira do Século XX. Filho de família pobre que vivia da agricultura, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença. Com a morte do pai quando tinha oito anos de idade, passou a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, freqüentou a escola local por apenas alguns meses onde foi alfabetizado. Mesmo antes disso já compunha versos próprios, que ele decorava. Aos dezesseis anos sua mãe vende uma ovelha e lhe dá sua primeira viola. A partir dessa época, começa a fazer repentes e a se apresentar em festas em ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebe o pseudônimo de Patativa do Assaré, por ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave e por ter nascido no município de Assaré. Patativa viaja para os Estados de Pará e Amapá a fim de se apresentar como violeiro, mas volta para o Estado do Ceará pois precisa trabalhar na terra. Vai constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da rádio Araripe, declamando seus poemas. Numa dessas apresentações recebe apoio e incentivo para a publicação do primeiro livro, “Inspiração Nordestina” de 1956. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos.

Seus livros foram publicados ocasionalmente por pesquisadores e músicos amigos em parceria com pequenos selos tipográficos e hoje são relíquias para os colecionadores da literatura nordestina.

Foi a voz do sertanejo nordestino, dos trabalhadores rurais e de todos os injustiçados, marginalizados e oprimidos. Sua poesia, embora enraizada no sertão nordestino, é ao mesmo tempo universal por representar o sentimento de uma classe social com a autenticidade de quem é ‘do povo’. Além de poeta popular, foi cantador, violeiro, improvisador, poeta de bancada e também escreveu cordéis, apesar de não se considerar um "cordelista".

Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens, tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa. No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou, Cariri, no interior do Estado do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.


Créditos para:
Wikipedia
Facom



É melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada...

Patativa do Assaré


Prefeitura sem Prefeito
Patativa do Assaré

Nessa vida atroz e dura
Tudo pode acontecer
Muito breve há de se ver
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fica satisfeito
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré
Prefeitura sem prefeito.

Por não ter literatura,
Nunca pude discernir
Se poderá existir
Prefeito sem prefeitura.
Porém, mesmo sem leitura,
Sem nenhum curso ter feito,
Eu conheço do direito
E sem lição de ninguém
Descobri onde é que tem
Prefeitura sem prefeito.

Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
Um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu este sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.

Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
Um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.


A Morte de Nanã


Patativa chorona (Sporophila leucoptera)








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1 comentário:

Ana Tapadas disse...

Muito interessante!
Já começámos a aprender coisas novas sobre o Brasil!
beijinho